quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

As lições da biografia de Jefté (Jz 10 - 12.7; Hb 11.32 )

Por: Jânio Santos de Oliveira
Presbítero e professor de teologia da Igreja Assembléia de Deus Taquara - Duque de Caxias- Rio de Janeiro
janio-estudosteolgicos.blogspot.com




Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus a Paz do Senhor!

Estamos de volta para falar sobre biografia de Jefté, Vamos acompanhar!

I. JEFTÉ UM EXEMPLO A SER IMITADO

Jefté foi um jovem que soube aproveitar a oportunidade que Deus lhe concedeu. Seu nome significa , Deus Abre. Foi o nono juiz de Israel, chefiou um grupo de homens foragidos e levianos, mas após ser cheio do Espírito Santo, derrotou completamente os Amonitas e feriu os efraimitas e julgou Israel por vários anos. Foi ele um dos grandes exemplos de fé em Deus.

Jefté teve a infelicidade de nascer de um relacionamento pecaminoso. Um ato de adultério. Por esse motivo os seus irmãos não o aceitavam em casa. Não queriam dividir a herança de seu pai.

A vida em família tornou-se tão insuportável que Jefté teve que sair de casa. Podemos até traçar uma analogia entre Jefté e o homem que vive sem Deus. Assim como Jefté afastou-se da sua família o pecador afasta-se cada vez mais da família de Deus perdendo assim a sua herança espiritual.

O pecado torna o homem afastado de Deus e sem comunhão com o seu Criador Mas o bondoso Deus olhou para esse jovem e viu nele potencial, Deus viu um vaso que poderia ser de grande utilidade. Deus viu em Davi o que ninguém poderia ver.

Em Samuel Deus enxergou o que nem mesmo o sacerdote Eli pode enxergar e assim foi na vida de muitas pessoas usadas por Deus. A despeito do que diziam a respeito de Jefté, Deus viu Jefté como alguém de valor. Deus olha para você e não se importa com o seu passado, Ele não se importa com o que as pessoas estão pensando a seu respeito.

O passado não impede o trabalho de Deus na vida de uma pessoa. Deus está olhando para você como olhou para Jefté, Gideão, Elias e muitos outros servos de Deus.

Ele vê o seu interior, o seu coração e os seus anseios. Ele vê você como um vaso de benção para abençoar vidas.

O local dos acontecimentos na vida de Jefté foi Gileade. Era uma região pedregosa, mas rica em pastagens e florestas. Ali acampou Jacó. Gileade foi a terra de Jefté, de Elias, Jair. Foi também refúgio dos Israelitas, dos filhos de Saul e mais tarde de Davi quando fugia de Absalão.

A expressão o bálsamo de Gileade que tanto ouvimos falar e até pregamos em nosso meio tem a sua origem em uma árvore que produzia uma seiva branca e viscosa e de grande valor para cura de inflamações. Daí surgiu a expressão o bálsamo de Gileade. O bálsamo de Gileade hoje é o poder curador do Espírito Santo, que cura as nossas feridas mais profundas.

Nós observamos que Jefté ao contrário de José guardou rancor pelo tratamento recebido de seus irmãos. Podemos até dizer que existe certa semelhança entre Jesus e Jefté. Olhavam para ele e não viam nada que os agradassem, foi desprezado pelos seus irmãos e compatriotas.

Depois do juiz Jair, que julgou os israelitas pelo período de vinte e dois anos (Jz 10.3), o povo de Israel voltou a andar no caminho dos deuses estranhos e dos abomináveis baalins e aos deuses dos outros povos, que não somente tinham a conotação da sensualidade, como o deus Baal e a deusa Astarote, que eram os deuses da fertilidade e também exigiam sacrifício humano.

Para punir o povo e cumprir as palavras de maldição ditas em Dt 28.15-68, Deus oprimiu-os por meio dos filisteus e dos filhos de Amom (Jz 10.7). A angústia durou 18 anos sobre os israelitas, até que clamaram ao Senhor para Ele os livrar.

Diferente de outras vezes, o Senhor mostra impaciência com o pedido dos israelitas e, talvez por meio de algum profeta, nega a oração e ordena que peçam aos deuses que estão seguindo.

Mas os israelitas mostraram que estavam com vontade de se livrar daqueles deuses e não somente confessaram os seus pecados, mas também agiram mostrando que sabiam o que devia ter sido feito, tirando os baalins do seu meio e Deus se angustiou por causa de Israel.

Quando estamos sendo confrontados pelos nossos pecados, temos a tendência de suavizá-los dizendo que amamos ao Senhor, mas nos esquecemos que amor e arrependimento devem ser além de um simples sentimento e resultar em ações. Quantas vezes já nos deparamos com a emoção de uma música cristã, mas logo depois agimos de uma forma que não agrada a Deus? Quando Jesus ensina o que é amar a Ele, diz:

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama” (Jo 14.21).

Amar a Cristo é muito além de uma grande paixão, é, principalmente, guardar os mandamentos Dele, como uma palavra de uma pessoa amada dando pistas de como podemos desfrutar do sentimento da mesma e corremos para agir daquela forma para tentar conquistá-la.

O que Jesus está falando aqui não é uma obediência formal aos mandamentos, mas um amor tal ao que Ele nos fala que deixamos tudo de lado, como as obrigações de casa que Maria tinha, mas, diferente de sua irmã Marta, preferiu ouvir o que o Mestre tinha para falar, sendo elogiada por ter escolhido a boa parte que não lhe foi tirada (Lc 10.38-41).

II. O “mestiço” Jefté

Para se livrar dos amonitas e dos filisteus, o povo de Israel decide eleger um líder, uma pessoa que aceite enfrentar os seus opressores e que comande o povo rumo a libertação e decidem procurar um homem que havia sido expulso do seu clã por ser filho de prostituta, provavelmente não israelita e prostituta cultual, mas que tinha a fama de ser um corajoso (Jz 11.1).

Vamos voltar um pouco então na história de Jefté. Quando foi expulso do seu clã pelos seus irmãos, por não ter direito a herança do seu pai, se juntou a homens que também estavam a margem da sociedade. A Bíblia não dá muitas pistas sobre quem eram esses homens, mas não desfrutava de boa fama, o que, aos nossos olhos, excluiria qualquer possibilidade de serem heróis. Jefté era um líder de um bando que apenas lutava para sobreviver.

Enquanto Jefté vivia a margem da sociedade porque era filho de uma prostituta e possivelmente meio Cananeu, foi chamado pelo seu próprio povo, os gileaditas para que os liderasse contra os inimigos amonitas (Jz 11.6-11). Isso confirma também o caráter de Deus em usar pessoas que não são nada e que aos nossos olhos não podem ser uma referência.

O argumento dele ao povo era o mesmo do que Deus havia dito aos israelitas, sendo uma alegoria viva do sentimento do próprio Jeová: foi deixado de lado e no aperto clamaram a ele, pedindo que os liderasse.

O primeiro ato de Jefté é enviar um mensageiro aos amonitas para saber o motivo da opressão e a resposta é que devolvessem a terra outrora conquistada. Mas Jefté responde com base histórica, mostrando que era também conhecia a história do povo de Israel e a razão de terem conquistado aquela terra e sustenta que os seus inimigos estavam equivocados em sua atitude, pois os israelitas não haviam tomado aquelas terras, e sim, adquiriu-as em batalha.

Um dos argumentos usados por Jefté é que a terra que pertencia ao povo de Israel foi dada por Jeová e que deviam se satisfazer com a terra dada pelo deus deles (Jz 11.24). É claro que está usando de ironia buscando comparar a dádiva que Jeová deu aos israelitas se comparado ao que os amonitas adquiriram ofertando a Camos os méritos pelas conquistas.

III. O voto de Jefté

Quando terminou de enviar a mensagem para os amonitas, o Espírito de Senhor encheu Jefté que partiu para recrutar soldados, atravessando Gileade e Manassés, chegando ao arraial dos israelitas em Gileade e atacando os opressores. Antes que a guerra começasse, faz um voto do qual se arrependeria logo adiante, sem poder voltar atrás:

“Se entregares os amonitas em minhas mãos, aquele que estiver saindo da porta da minha casa ao meu encontro, quando eu retornar da vitória sobre os amonitas, será do Senhor e eu o oferecerei em holocausto” (Jz 11.30-31).

Depois disso, os israelitas venceram os amonitas e conquistaram 20 cidades, mas no seu retorno para casa, a primeira pessoa que o recebe é sua filha com danças. Ele rasga as suas vestes e diz qual foi o seu voto. Sua filha pede para prantear com suas amigas a sua virgindade, pois uma mulher não casar era algo vergonhoso e retorna para o seu sacrifício (Jz 11.32-40).

O sacrifício de humanos era proibido pelo Pentateuco, mas a sua forma de sacrificar aponta, muito provavelmente, para a sua descendência meio Cananéia. A forma que ele escolheu para cumprir o voto é, para o nosso tempo, independente de crença, algo pavoroso porque somos de uma geração onde o homem é valorizado, enquanto na época de Jefté, os deuses eram o centro da vida dos povos, por isso sacrificar uma pessoa era algo comum, pois, o mais importante era obedecer aos deuses.

Isso mostra que cada geração é influenciada por sua cultura e isso tem efeitos positivos, mas também negativos em nossa espiritualidade, como teve na vida do juiz aqui estudado. Por isso, é importante aprendermos a discernir os males de nosso tempo e como podemos redimir a nossa cultura, deixando de lado o que nossa época apresenta de ruim, lutando contra isso.

A atitude da filha de Jefté em aceitar o voto mostra o seu caráter e o que a mesma pensava a respeito de Deus. Por isso o seu caráter foi heroicamente reconhecido e chegando ao extremo de se tornar adorada por alguns povos, de acordo com estudiosos, o que obviamente é fruto do pecado do homem e não da finalidade da sua história.

IV. Guerra civil

A tribo de Efraim, a exemplo do que aconteceu com Gideão, foi até a terra de Jefté reclamar por não ter participado da vitória sobre os amonitas. Mas eles mesmos não quiseram ir a guerra, deixando que o povo de Jefté se arriscasse. Mas isso não os aplacou e houve luta entre os gileaditas e os efraimitas, experimentando estes a derrota frente ao povo de Gileade (Jz 12.1-7).

A história de Jefté nos ensina a pensar como Deus usa uma pessoa que não está de acordo com os padrões que consideramos corretos e que, tendo uma descendência vergonhosa, sendo filho de uma prostituta e provavelmente meio Cananeu, experimentou a amargura de ser rejeitado por seu clã.

Mesmo sofrendo a rejeição por parte dos seus familiares não teve qualquer sentimento de vingança e aceitou ser seu líder, mostrando que tinha um coração perdoador. Outra característica que podemos ver em Jefté é que, apesar de ter costumes pagãos foi lembrado no rol dos heróis de Hebreus 11.32, mostrando que a graça de Deus é maior do que a nossa simples noção de moralidade.

V. Vejam as lições da biografia de Jefté:

1. O NOME DE JEFTÉ ESTÁ NA GALERIA DOS HERÓIS DA FÉ

Se você fosse escrever uma lista de heróis, será que você colocaria na lista uma prostituta ou um filho de prostituta?! Provavelmente, não!... - Entretanto, na galeria dos heróis da fé de HEBREUS 11, nós encontramos o nome de Raabe, aquela prostituta que salvou a vida dos espias de Jericó. E encontramos também o nome de JEFTÉ, cuja mãe era uma prostituta.

Veja Hb 11:31 Hb 11:32 (Raabe e Jefté) e, observe o que diz Hb 11:38 e Hb 11:39 a respeito deles.... Não importa qual seja a sua história ou a sua origem... você pode ser alguém que tenha sido escolhido por Deus... Você já sabe alguma coisa sobre isto? O Senhor já lhe disse que você é um escolhido? Lá dentro, em uma parte muito interior, você sente a convicção de que Deus tem um propósito especial com você nesta terra?

Pense um pouquinho em Jefté: Nascido de uma prostituta numa época em que os preconceitos eram bem mais acentuados que hoje; criado com seu pai numa família que simplesmente não o aceitou; ele foi, durante toda sua infância e juventude, um filho rejeitado; foi expulso de sua casa e de sua cidade para não ter direito na herança de seu pai; viu-se obrigado a fugir, temendo talvez, pela própria vida; e, por último, teve que ir morar numa maloca com pessoas de má fama...

Sua situação é pior que a dele? A história dele é parecida com a sua?
Jefté era alguém que tinha tudo para ser um homem fracassado. Todavia, isso não exerceu influência sobre sua personalidade... Ele era líder, era valente e querido por seus conterrâneos. JEFTÉ ERA UM ESCOLHIDO!

2. JEFTÉ TINHA UM PAI OMISSO

Gileade, seu pai, em momento nenhum interveio a favor de seu filho Jefté. Os meio irmãos deste o desprezaram e, provavelmente, foram instigados pela própria mãe, por questões de ciúmes, de vingança. O pai, em situações assim, tinha que impedir qualquer atitude de desprezo para com seu filho que não era culpado de ter nascido nestas condições.

Mas, Gileade foi omisso. Mesmo quando os seus filhos expulsaram a Jefté, forçando-o a fugir, ele parece ter feito de conta que não tinha nada a ver com isto.

Fica aqui uma mensagem para os pais. É de sua responsabilidade a maneira como seus filhos são criados. É de sua responsabilidade dar a cada filho, em particular, proteção, apoio e condições para se desenvolver como pessoa e como cidadão.

Se, por acaso, você também tem um filho ou filha que é fruto de seu deslize moral, não o trate com menosprezo, e não permita que seus outros filhos o façam. Tente criar um ambiente em que todos tenham os mesmos valores e direitos.

3. DEUS MESMO CRIOU O AMBIENTE FAVORÁVEL AO SUCESSO DE JEFTÉ

Os amonitas apertaram o povo de Israel, especialmente pelo lado Leste, nas terras de Gade e de Manassés. Foi aí que Deus entrou com providência para mostrar para eles que ninguém deve ser desprezado por qualquer que seja sua origem ou características físicas ou por ciúmes ou por inveja. Eles não tiveram outra opção a não ser ir atrás de Jefté, porque ele era o único, em sua época, que tinha perfil para aquele tipo de situação.

É incrível como todo aquele que tem uma chamada de Deus sofre perseguições, é mal compreendido e, algumas vezes, é forçado a fugir, para que se vejam livres dele (a).

Mas, se você é mesmo um escolhido, sua história não acaba aqui. Hoje você pode até estar chorando, mas amanhã você irá sorrir. Deus vai te levantar das cinzas e do pó. Deus vai fazer tudo o que tem te prometido. Você vai ver as mãos de Deus te ajudar. Quem te ver há de falar: Ele é mesmo um escolhido.

Aí, os hipócritas vão dizer que você nasceu prá vencer. Olha o que eles dizem: "Eu já sabia, porque você tinha mesmo cara de vencedor".

Mas, se Deus quer agir, ninguém pode impedir... E assim, Deus vai criando o ambiente favorável ao seu sucesso!

O Senhor é aquele que "prepara uma mesa perante mim na presença de meus inimigos..." - É aquele que "unge a minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda!"

Que Deus nos abençoe e nos guarde em nome de Jesus, amém!

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